Comissão questionou Gurgel depois de depoimento de delegado da PF.
Para PGR, não havia fato 'penalmente relevante' para enviar caso ao STF.
(Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)
Gurgel foi questionado pelos integrantes da comissão sobre a atuação da Procuradoria depois que o delegado da Polícia Federal que comandou o inquérito, Raul Alexandre Marques Souza, disse à CPI que o Ministério Público não tomou providências após a entrega do inquérito.
As investigações, na época, já apontavam a ligação de Cachoeira com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e com os deputados federais João Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
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Na resposta, Gurgel afirmou que se não tivesse tomado a decisão de impedir a abertura do inquérito, não teria sido desvendado o esquema criminoso. Segundo ele, os "elementos colhidos na operação Monte Carlo", posterior à Vegas, que resultou na prisão de Cachoeira, são uma "demonstração inequívoca do acerto da decisão de sobrestamento [suspensão]" da Vegas."Se assim não tivesse agido a Procuradoria Geral da República, não se teria desvendado o grande esquema criminoso [exploração de jogos de azar] protagonizado por Carlos Cachoeira, [...] mas também fraudes em licitação, corrupção de servidores, lavagem de dinheiro, entre outros delitos de acentuada gravidade", escreveu o procurador.
Gurgel afirma que recebeu o inquérito da Vegas no dia 15 de setembro de 2009 e disse que, na análise, constatou "que não havia fato penalmente relevante que pudesse ensejar a instauração de inquérito no Supremo Tribunal Federal" e ressaltou o rigor da corte neste tipo de análise, principalmente quando envolve questões relativas à privacidade.
Ainda segundo o procurador, os fatos encontrados até então eram graves, mas não configurariam crimes, ficando restritos ao "campo ético".
Em relação a Demóstenes, Gurgel diz que nenhuma informação da operação Vegas, de 2009, foi utilizada como justificativa para as diligências feitas no inquérito instaurado no STF contra o senador.
Cláudia SampaioNa resposta, de sete páginas, Gurgel também afastou a versão, levantada por parlamentares após depoimento do delegado, de que a subprocurador-geral da República, Cláudia Sampaio, mulher de Gurgel e sua subordinada direta no Ministério Público, tenha sido a responsável pela suspensão da Operação Vegas.
Gurgel enfatiza que "não houve sequer distribuição a qualquer subprocurador-geral da República, permanecendo ambos os feitos [decisões sobre as investigações] vinculados diretamente ao Procurador-Geral da República e sob a sua inteira e, reitere-se, exclusiva responsabilidade".
O questionamento por escrito foi a forma encontrada pela CPI para questionar Gurgel sem convocá-lo a falar na CPI, o que, segundo ele, poderia invalidar sua atuação como acusador do caso na Justiça. Gurgel disse, na época, que as tentativas de convocá-lo vinham de "pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão".
Fonte: G1
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